terça-feira, 10 de novembro de 2015

A intransferível responsabilidade por sujar o #madeinbrazil

A campanha de boicote ao agronegócio de Mato Grosso do Sul, motivada pela violência crescente aos Guarani Kaiowá por parte de produtores rurais em situação irregular em Terras Indígenas, é uma pressão legítima em defesa da vida e de direitos. Resposta da sociedade à omissão do governo federal que permite o que se caracteriza como genocídio, é também uma ação de mobilização social propositiva de mudança que colabora para expansão da agropecuária sustentável no Brasil. Soja plantada em Terra Indígena invadida não é sustentável, carne de boi que pasta em Terra Indígena invadida e desmatada não é sustentável. Essa classificação não é inventada, resulta das decisões de gestão que carregam a responsabilidade por métodos socioambientalmente insustentáveis e com riscos econômicos e jurídicos. 

Da Anistia Internacional ao Ibase do Betinho, mais de 90 organizações já apoiam a iniciativa. Lançada em outubro pelo Conselho Terena e o Aty Guassú do Povo Guarani Kaiowá, a campanha de boicote ao agronegócio de Mato Grosso do Sul esclarece como irregularidades em Terras Indígenas sujam a imagem do Brasil no mercado internacional, que exige certificação de práticas em conformidade com aspectos ambientais e sociais, e representam uma ameaça à reputação do setor em avaliações de risco. Ataques a bala, assassinatos de lideranças, estupros, sumiços de jovens, tortura a crianças e idosos indígenas, incêndios, saraivadas de tiros para o alto são agravantes que marcam a produção agropecuária sul-mato-grossense em situação irregular, da qual empresários que investem na gestão de sustentabilidade no estado deveria se dissociar.
 
Quem prefere fazer gestão de problemas, e não de soluções, transforma a dependência das decisões do poder público em justificativa para insistir em irregularidades e para impor condições favoráveis a conflitos e violências condenáveis na justiça e na moral.  O empresário que monta sua equipe com capangas e dá a ordem para atirar em índios já decidiu que seus produtos não podem ser classificados como sustentáveis, muito menos certificados, para serem vendidos para EuropaEstados UnidosÁsia. É o preço a pagar que ele mesmo bota nos métodos arcaicos e tacanhos de gestão do seu negócio, e essa responsabilidade por sujar o made in Brazil é intransferível.
O caminho para um agronegócio sustentável no Brasil, ou em qualquer lugar do mundo, requer diagnósticos e adequações a critérios objetivos para as materialidades da cadeia produtiva, o que beneficia a economia, o meio ambiente e a sociedade. Como vendemos para o mercado externo, não é desconhecido, especialmente para os grandes produtores rurais, o conjunto de normas internacionais para as práticas ambientais, trabalhistas, sociais, de bem-estar animal e de gestão. A certificação exigida para exportação de produtos agropecuários brasileiros tem impactos positivos no mercado interno, então, também não são desconhecidas do setor as conformidades de sustentabilidade já adotadas por bancos e compradores.
 
Irregularidades em Terras Indígenas e desmatamento ilegal são práticas sem conformidade alguma com critérios e aspectos legais de sustentabilidade, inadmissíveis sob normas internacionais para certificação, financiamentos ou comércio. O empresário do agronegócio que mantém situação irregular em Terra Indígena cria e assume o risco de afetar negativamente a imagem da sua produção, do seu estado e do país, de arcar com possíveis prejuízos decorrentes dessa associação e até de comprometer o avanço de um modelo de economia que pressupõe ética e respeito, ou seja, é uma prerrogativa de gestão.
 
Não tem desavisado nessa história secular de bala contra flecha e árvore. Tanto que no capítulo Gestão do Guia de Práticas para Pecuária Sustentável do Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável [GTPS] é recomendado que o "empresário precisa ficar atento à presença de terras indígenas" e informado que qualquer "irregularidade envolvendo estas terras podem impactar diretamente as operações da propriedade". A pressão sobre bancos e frigoríficos é reconhecida como forma de combater irregularidades, com o alerta de que são evitados negócios com propriedades rurais em que ocorrem problemas ou com problemas associados a elas ou até próximos, tanto em relação a Terras Indígenas quanto ao desmatamento ilegal. Isso quer dizer que um único produtor fora dos conformes é capaz de prejudicar os outros e dar má fama à vizinhança que optou pela gestão sustentável de seus negócios. 

Sustentabilidade no agronegócio brasileiro faz diferença daqui para fora. Por isso, aliás, a aprovação da PEC215 deveria ser avaliada pelo setor como uma grave ameaça aos negócios internacionais em conformidade com práticas sustentáveis. Com a transferência da soberania do Estado sobre a demarcação de Terras Indígenas do executivo para o legislativo, o Brasil vai ser posicionado como um mercado em que sequer a Constituição é respeitada e no qual se oficializa o desrespeito a direitos para legalizar a produção fora de conformidade, o que é incertificável. A proposta é tão surreal que não mensura o tamanho da insegurança jurídica e o potencial de instigação e aumento de conflitos, ignorando que as consequências podem ser dramáticas [estamos falando de gente e perdas de vidas] e institucionalmente danosas ao país. Afinal, quem vai certificar a sustentabilidade de qual produto num lugar desses?

Só lembrando: Todas as Terras Indígenas deveriam estar demarcadas e homologadas no Brasil desde 1993, conforme a Constituição Federal.  

Já entendeu e quer se engajar?
. Segue o link para a página da iniciativa de mobilização no facebook
. Acesse os banneres da campanha com legendas em 3 idiomas em Eco Lógico Sustentabilidade http://bit.ly/CampanhaboicoteagronegocioMS

Quer saber mais sobre o contexto de violências contra os indígenas em Mato Grosso do Sul?
. Veja  o artigo “Os condenados dessa terra”, do Prof. Dr. Neimar Machado de Sousa, no Portal EcoDebate
. Leia a matéria da Carta capital “Omissão assassina no Mato Grosso do Sul - O governo e a Justiça têm culpa no conflito sangrento entre índios e fazendeiros”, de Rodrigo Martins, publicada em 09/10



Beatriz Carvalho Diniz
Consultora de Comunicação e Sustentabilidade, expertise em políticas públicas socioambientais, com especialização em Gestão Ambiental. Criativa de Eco Lógico Sustentabilidade, conteúdo produzido com amor, sem fins lucrativos, desde 2009.

quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Quem vai certificar que soja plantada em Terra Indígena invadida é sustentável?


Fazer gestão de problemas, e não de soluções, torna a dependência das decisões do poder público em justificativa para insistir em irregularidades e para impor condições favoráveis a conflitos e violências condenáveis na justiça e na moral.  O empresário que monta sua equipe com capangas e dá a ordem para atirar em índios já decidiu que seus produtos não podem ser classificados como sustentáveis, muito menos certificados, para serem vendidos para EuropaEstados UnidosÁsia. É o preço a pagar que ele mesmo bota nos métodos arcaicos e tacanhos de gestão do seu negócio, e essa responsabilidade por denegrir o made in Brazil é intransferível.

O caminho para um agronegócio sustentável no Brasil, ou em qualquer lugar do mundo, requer diagnósticos e adequações a critérios objetivos para as materialidades da cadeia produtiva, o que beneficia a economia, o meio ambiente e a sociedade. Como vendemos para o mercado externo, não é desconhecido, especialmente para os grandes produtores rurais, o conjunto de normas internacionais para práticas ambientais, trabalhistas, sociais, de bem estar animal e de gestão. A certificação exigida para exportação tem impactos positivos no mercado interno, então, também não são desconhecidas do setor as conformidades para sustentabilidade já adotadas aqui por bancos e compradores.

A campanha de boicote ao agronegócio de Mato Grosso do Sul, motivada pela violência crescente aos Guarani Kaiowá por parte de produtores rurais em situação irregular em Terras Indígenas, é uma pressão legítima em defesa da vida e de direitos. Resposta da sociedade à omissão do governo federal que permite o que se caracteriza como genocídio, é uma ação de mobilização social propositiva de mudança que colabora também para expansão da agropecuária sustentável no Brasil. Soja plantada em Terra Indígena invadida não é sustentável, carne de boi que pasta em Terra Indígena desmatada não é sustentável. Essa classificação não é inventada, resulta das decisões de gestão que carregam a responsabilidade por métodos socioambientalmente insustentáveis e com riscos econômicos e jurídicos.

Irregularidades em Terras Indígenas e desmatamento ilegal são práticas inadmissíveis sob normas internacionais, que não estão em conformidade com critérios e aspectos legais de sustentabilidade, seja para certificação, financiamentos ou comércio. O empresário do agronegócio que mantém situação irregular em Terra Indígena cria e assume o risco de sujar a reputação da sua produção, arcar com possíveis prejuízos decorrentes, afetar negativamente a imagem do país e comprometer o avanço de um modelo de economia que pressupõe ética e respeito, é uma prerrogativa de gestão.
           
E não tem desavisado nessa história secular de bala contra flecha e árvore. Tanto que no capítulo Gestão do Guia de Práticas para Pecuária Sustentável do Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável [GTPS] é recomendado que o "empresário precisa ficar atento à presença de terras indígenas" e informado que qualquer "irregularidade envolvendo estas terras podem impactar diretamente as operações da propriedade". A pressão sobre bancos e frigoríficos é reconhecida como forma de combater irregularidades, com o alerta de que são evitados negócios com propriedades rurais em que ocorrem problemas ou com problemas associados a elas ou até próximos, tanto em relação a Terras Indígenas quanto ao desmatamento ilegal. Isso quer dizer que um único produtor fora dos conformes é capaz de prejudicar os outros e dar má fama à vizinhança que optou pela gestão sustentável de seus negócios. 

Sustentabilidade no agronegócio brasileiro faz diferença daqui para fora. Por isso, aliás, a aprovação da PEC 215 deveria ser avaliada pelo setor como uma grave ameaça aos negócios internacionais em conformidade com práticas sustentáveis. Com a transferência da soberania do Estado sobre a demarcação de Terras Indígenas do executivo para o legislativo, o Brasil vai ser posicionado como um mercado em que sequer a Constituição é respeitada e no qual se oficializa o desrespeito a direitos para legalizar a produção fora de conformidade, o que é incertificável. A proposta é tão surreal que não mensura o tamanho da insegurança jurídica e o potencial de instigação e aumento de conflitos, ignorando que as consequências podem ser dramáticas [estamos falando de gente e perdas de vidas] e institucionalmente danosas ao nosso país. Quem vai certificar a sustentabilidade de qual produto num lugar desses? 

Só lembrando: Todas as Terras Indígenas deveriam estar demarcadas e homologadas no Brasil desde 1993, conforme a Constituição Federal.  


Para acompanhar a iniciativa de mobilização no facebook { http://bit.ly/CPIdoGenocidio

Para acessar os banneres da campanha com legendas em 3 idomas { http://bit.ly/CampanhaboicoteagronegocioMS

Saiba mais sobre o contexto de violências contra os indígenas em Mato Grosso do Sul:
Artigo Os condenados dessa terra, do Prof. Dr. Neimar Machado de Sousa, publicado no Portal EcoDebate { http://www.ecodebate.com.br/2015/10/13/guarani-e-kaiowa-os-condenados-desta-terra-artigo-de-neimar-machado-de-sousa/
Matéria da Carta capital “Omissão assassina no Mato Grosso do Sul - O governo e a Justiça têm culpa no conflito sangrento entre índios e fazendeiros”, de Rodrigo Martins, publicada em 09/10 { http://www.cartacapital.com.br/revista/870/omissao-assassina-6689.html




quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Tem como certificar sustentabilidade da carne de boi que pasta em Terra Indígena desmatada?

O caminho para um agronegócio sustentável no Brasil, ou em qualquer lugar do mundo, requer diagnósticos e adequações a critérios objetivos para as materialidades da cadeia produtiva, o que beneficia a economia, o meio ambiente e a sociedade. Como vendemos para o mercado externo, não é desconhecido, especialmente para os grandes produtores rurais, o conjunto de normas internacionais para práticas ambientais, trabalhistas, sociais, de bem estar animal e de gestão. A certificação exigida para exportação de produtos agropecuários brasileiros tem impactos positivos no mercado interno, então, também não são desconhecidas do setor as conformidades de sustentabilidade já adotadas aqui por bancos e compradores.

Irregularidades em Terras Indígenas e desmatamento ilegal, por exemplo, são práticas inadmissíveis sob normas internacionais, que não estão em conformidade com critérios e aspectos legais de sustentabilidade, seja para certificação, financiamentos ou comércio.  O empresário do agronegócio que mantém situação irregular em Terra Indígena cria e assume o risco de sujar a reputação da sua produção, arcar com possíveis prejuízos decorrentes, afetar negativamente a imagem do país e comprometer o avanço de um modelo de economia que pressupõe ética e respeito, é uma prerrogativa de gestão.

Quem prefere fazer gestão de problemas, e não de soluções, transforma a dependência das decisões do poder público em justificativa para insistir nas irregularidades e para impor condições favoráveis a conflitos e violências condenáveis na justiça e na moral.  O empresário que monta sua equipe com capangas e dá a ordem para atirar em índios já decidiu que seus produtos não podem ser classificados como sustentáveis, muito menos certificados, para serem vendidos para EuropaEstados UnidosÁsia. É o preço a pagar que ele mesmo bota nos métodos arcaicos e tacanhos de gestão do seu negócio, e essa responsabilidade por denegrir o made in Brazil é intransferível.
A campanha de boicote ao agronegócio de Mato Grosso do Sul, motivada pela violência crescente aos Guarani Kaiowá por parte de produtores rurais em situação irregular em Terras Indígenas, é uma pressão legítima em defesa da vida e de direitos. Resposta da sociedade à omissão do governo federal  que permite o que se caracteriza como genocídio, ação de mobilização social propositiva de mudança que colabora para expansão da agropecuária sustentável no Brasil. Soja plantada em Terra Indígena invadida não é sustentável, carne de boi que pasta em Terra Indígena desmatada não é sustentável. Essa classificação não é inventada, resulta das decisões de gestão que carregam a responsabilidade por métodos socioambientalmente insustentáveis e com riscos econômicos e jurídicos.

Não tem desavisado nessa história secular de bala contra flecha e árvore. Tanto que no capítulo Gestão do Guia de Práticas para Pecuária Sustentável do Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável [GTPS] é recomendado que o "empresário precisa ficar atento à presença de terras indígenas" e informado que qualquer "irregularidade envolvendo estas terras podem impactar diretamente as operações da propriedade". A pressão sobre bancos e frigoríficos é reconhecida como forma de combater irregularidades, com o alerta de que são evitados negócios com propriedades rurais em que ocorrem problemas ou com problemas associados a elas ou até próximos, tanto em relação a Terras Indígenas quanto ao desmatamento ilegal. Isso quer dizer que um único produtor fora dos conformes é capaz de prejudicar os outros e dar má fama à vizinhança que optou pela gestão sustentável de seus negócios. 

Sustentabilidade no agronegócio brasileiro faz diferença daqui para fora. Por isso, aliás, a aprovação da PEC 215 deveria ser avaliada pelo setor como uma grave ameaça aos negócios internacionais em conformidade com práticas sustentáveis. Com a transferência da soberania do Estado sobre a demarcação de Terras Indígenas do executivo para o legislativo, o Brasil vai ser posicionado como um mercado em que sequer a Constituição é respeitada e no qual se oficializa o desrespeito a direitos para legalizar a produção fora de conformidade, o que é incertificável. A proposta é tão surreal que não mensura o tamanho da insegurança jurídica e o potencial de instigação e aumento de conflitos, ignorando que as consequências podem ser dramáticas [estamos falando de gente e perdas de vidas] e institucionalmente danosas ao nosso país. Quem vai certificar a sustentabilidade de qual produto num lugar desses?

Só lembrando: Todas as Terras Indígenas deveriam estar demarcadas e homologadas no Brasil desde 1993, conforme a Constituição Federal.


Para acompanhar a iniciativa de mobilização no facebook { http://bit.ly/CPIdoGenocidio

Para acessar os banneres da campanha com legendas em 3 idomas { http://bit.ly/CampanhaboicoteagronegocioMS

Saiba mais sobre o contexto de violências contra os indígenas em Mato Grosso do Sul
Artigo Os condenados dessa terra, do Prof. Dr. Neimar Machado de Sousa, publicado no Portal EcoDebate { http://www.ecodebate.com.br/2015/10/13/guarani-e-kaiowa-os-condenados-desta-terra-artigo-de-neimar-machado-de-sousa/

Matéria da Carta capital “Omissão assassina no Mato Grosso do Sul - O governo e a Justiça têm culpa no conflito sangrento entre índios e fazendeiros”, de Rodrigo Martins, publicada em 09/10 { http://www.cartacapital.com.br/revista/870/omissao-assassina-6689.html









sábado, 17 de outubro de 2015

Do Brasil para o mundo: a campanha de boicote ao‪ agronegócio‬ de MS

A carne, a soja e a cana de Mato Grosso do Sul, vendidas a europeus, americanos e asiáticos, têm o sangue de indígenas brasileiros. Do Brasil para o mundo, o pedido é para que não comprem. A campanha internacional de boicote ao‪ agronegócio‬ de Mato Grosso do Sul é uma resposta da sociedade à omissão do governo federal ao genocídio dos Guarani Kaiowá, sobre os quais se acirrou nos últimos meses a violência dos fazendeiros invasores de terras indígenas que já deveriam ter sido demarcadas e homologadas desde 1993, conforme a Constituição Federal.  

A lista de violações de direitos dos povos indígenas em Mato Grosso do Sul é tão grave e extensa quanto ignorada no estado e no país. Insegurança alimentar, remoção dos territórios tradicionais, violências contra mulheres e crianças, contaminação por agrotóxicos, intolerância religiosa, assassinato, trabalho escravo, exploração sexual, crianças sem acesso à educação e saúde. A inversão de valores e direitos é tamanha que a assembleia legislativa do estado abriu CPI para investigar as ações do CIMI de proteção aos índios, e não para investigar tiroteios, mortes, estupros, incêndios, impedimento de crianças irem à escola, o não atendimento de feridos, a obstrução de ajudas. 

O volume de doações de empresas frigoríficas e usinas de etanol para financiar campanhas eleitorais de deputados estaduais indica a predominância dos interesses econômicos sobre a lei e a vida, explica a tradição dos valores e direitos invertidos. Mato Grosso do Sul, localizado na região Centro-oeste, na fronteira com Paraguai e Bolívia, tem uma área total de 35 milhões de hectares, dos quais 65% são destinados ao rebanho de mais de 20 milhões de bovinos. Apenas 30 mil hectares são ocupados pelos Guarani Kaiowá, cuja população desde 1915 tem sido sistematicamente removida de seus territórios tornados fazendas, o que corresponde a menos de 1% da área total do estado. Com o incremento do cultivo de cana-de-açúcar para produção de etanol e biodiesel, na década de 90, a pressão econômica sobre as terras indígenas aumentou, assim como os assassinatos e suicídios de índios

Engaje-se { http://bit.ly/CPIdoGenocidio

Veja a campanha com as peças em 3 idomas em Eco Lógico Sustentabilidade e compartilhe { http://bit.ly/CampanhaboicoteagronegocioMS

Saiba mais sobre o contexto de violências contra os indígenas em Mato Grosso do Sul no artigo Os condenados dessa terra do Prof. Dr. Neimar Machado de Sousa, publicado no Portal EcoDebate  { http://www.ecodebate.com.br/2015/10/13/guarani-e-kaiowa-os-condenados-desta-terra-artigo-de-neimar-machado-de-sousa/

Para acessar a matéria da Carta capital “Omissão assassina no Mato Grosso do Sul - O governo e a Justiça têm culpa no conflito sangrento entre índios e fazendeiros”, de Rodrigo Martins, publicada em 09/10 { http://www.cartacapital.com.br/revista/870/omissao-assassina-6689.html

domingo, 11 de outubro de 2015

Sabia que livro tem ninho? Olha só...


Você chega na praça e vê um Ninho de Livro, dando ao poste sem graça a alegria da cor e uma nova função. É um livreiro de troca, para quem quiser pegar um livro e deixar outro. Abrir a portinha do Ninho de Livro é mágico, pode acreditar!

Tem a surpresa do que se vai encontrar, tem a iniciativa de estimular a leitura e a cooperação, tem a dinâmica da troca e da responsabilidade compartilhada. Que lindo ver essa ideia genial espalhada pela cidade do Rio de Janeiro!

Para facilitar o encontro entre livros e leitores, basta postar o nome do livro e o local do ninho com a hashtag ninhodelivro [#ninhodelivro]. Como o Ninho de Livro é um ornamento nos equipamentos urbanos, vai render selfies bem bacanas com certeza. E taí, ostentar a bela atitude de doar e influenciar para o desapego é tudo de bom, né?


Foi na praça Saens Pena, na zona Norte da cidade do Rio, que vi o Ninho de Livro. Impossível resistir à curiosidade. O que é a casinha colorida, tem algo dentro, pode abrir? É um elemento lúdico na paisagem, as crianças logo notam.

Esse notar, parar, abrir e descobrir que ali moram livros tem um encanto também para os adultos, sempre com pressas e rotinas. Dar uma paradinha e ler o trecho de um livro pode dar uma boa desestressada no caminho de qualquer pessoa.


Saiba mais em facebook.com/ninhodelivro


sexta-feira, 9 de outubro de 2015

Saindo pra night? Então se liga na chapinha!

Não, não é a chapinha das mina, é da gelada mesmo. Chapinha na calçada não faz a balada ficar mais divertida. E não importa a marca, seja Antárctica ou Itaipava, a boa mesmo é joga a chapinha na lixeira ou dar um toque no garçom pra não deixar essa sujeira na calçada.

Calçada de buteco em Copacabana, Rio de Janeiro, 2014, de Beatriz Carvalho Diniz  [ Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial 3.0 Brasil - Faça bom uso sem fins comerciais]


quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Os condenados desta terra

A lista de violações de direitos dos povos indígenas no estado de Mato Grosso do Sul é tão grave e extensa que pode ser classificada em diversas categorias: insegurança alimentar; remoção dos territórios tradicionais para as reservas indígenas; violência contra a mulher nas áreas de retomada e nas reservas, criadas pelo Governo Brasileiro; contaminação por agrotóxicos; intolerância religiosa; assassinato; trabalho escravo; exploração sexual; crianças fora da escola e sem atendimento médico, isto num contexto demográfico em que 45% dos Guarani e Kaiowá, neste estado, têm menos de 17 anos de idade.

O estado é uma das 27 unidades federativas do Brasil, localizado na região centro-oeste do Brasil, fronteira com o Paraguai e a Bolívia. Sua área total é de 35 milhões de ha, sendo que o rebanho de 23 milhões de bovinos ocupa 65% de todas as terras. A população Guarani e Kaiowá, removida sistematicamente deste 1915 de seus territórios transformados em fazendas, ocupa, na atualidade, apenas 0,08% das terras, 30 mil hectares.

Na década de 90, o incremento do cultivo de cana-de-açúcar para produção de etanol e biodiesel aumentou a pressão econômica sobre as terras indígenas e o consequente aumento dos assassinatos e suicídios. Os interesses econômicos nestas terras indígenas podem ser mapeados na Justiça Eleitoral, onde é possível consultar o grande volume de doações para financiamento de campanhas eleitorais de deputados estaduais por parte de empresas frigoríficas e usinas de etanol.
Em 2013, de acordo com a Secretaria de Comércio Exterior - SECEX, o montante das exportações do estado atingiu 4,21 bilhões de dólares americanos. Ao mesmo tempo em que os produtos agrícolas passaram a ser negociados no mercado internacional com preços regulados em bolsas de valores, de 2003 a 2015, 585 indígenas cometeram suicídio e 390 foram assassinados. Ainda assim, os casos são pouco conhecidos devido ao silêncio dos meios de comunicação, comprometidos ideológica e financeiramente com os poderes econômicos que possuíram grandes parcelas do poder executivo, legislativo e judiciário.

A população indígena total do estado é de 71 mil pessoas (SESAI, 2015), aproximadamente 10% da população declaradamente indígena brasileira, sendo que os casos mais graves de violência afetam os Guarani, Kaiowá e Terena, etnias que estão entre cinco mais numerosas do Brasil. Apesar do genocídio de 9/10 da população indígena brasileira ao longo dos cinco séculos de colonização, o país ainda é a nação com a maior diversidade étnica do continente, com 310 povos indígenas (FUNAI, 2015). Não sabemos até quando.

Nos últimos meses, a situação de violência contra as comunidades indígenas no cone sul de Mato Grosso do Sul - MS, Brasil, tem se deteriorado a tal ponto que uma das áreas, Nhanderu Marangatu, no município de Antônio João, MS, está sob intervenção do exército para garantir provisoriamente a vida dos Guarani e Kaiowá. Nesta terra indígena foi assassinado, no dia 29.08.15, o líder indígena guarani Simeão Vilhalva, 24 anos. De acordo com a comunidade, o crime, segundo a comunidade em declarações dadas à imprensa, foi resultado da ação de pistoleiros, fortemente armados, contratados por fazendeiros, que possuem títulos em terras identificadas como indígenas pelo Estado brasileiro em 2005, mas cuja homologação foi suspensa em caráter liminar pelo poder judiciário, no caso o STF.

Considerando a morosidade na identificação e homologação das terras indígenas por parte do governo federal e a suspensão em caráter liminar pela justiça de terras homologadas, muitas comunidades optaram, mesmo correndo risco de vida, em retornar para as antigas aldeias de onde foram removidas a partir do início do século XX. Este processo de retorno e reversão autônoma do confinamento tem sido denominado pelos próprios indígenas de retomada ou ocupação.
Por outro lado, na cidade de Antônio João, MS, houve incitação da opinião pública pelo sindicato rural, segundo imprensa escrita, com base no boato que os indígenas ateariam fogo na cidade, acirrando ainda mais o preconceito e provocando um verdadeiro clima de guerra. Além disso, políticos da bancada federal chegaram a participar de reuniões no sindicato patronal, ao cabo da qual, acompanharam uma caravana de proprietários rurais até o local das retomadas. Durante este conflito foi assassinada a liderança Simeão Vilhalva. Até este momento, uma parte da população indígena do município ainda está impedida pelos moradores de sacar dinheiro nos caixas eletrônicos nos comércios da cidade para compra de alimentação, produzindo uma crise humanitária pela falta de alimentos. As crianças em idade escolar nas fazendas retomadas também foram impedidas de embarcarem no transporte escolar para irem à escola. Um dos últimos desdobramentos desta crise foi noticiado pelo jornal eletrônico Campo Grande News (02.10.2015), dando conta da denúncia ao Ministério Público Estadual contra a Deputada Estadual Mara Caseiro (PT do B) por perseguição a ativistas que organizaram uma campanha de arrecadação de alimentos para índios guarani e kaiowá de área atacada em Antônio João, MS.

A foto 01 (JACIANA BENITES, 2015), de 19.09.2015, indica a dimensão do conflito, pela quantidade de cartuchos deflagrados em apenas uma noite em uma das áreas, Aldeia Potrero Guasu, município de Paranhos, MS.

A foto 02 (ELIEL BENITES, 2015), de 06.08.2015, é da ferida no pé de uma criança da Aldeia Pacurity, Dourados, MS. O menino ficou sem atendimento médico por mais de três meses.

Entre as causas deste quadro, temos a remoção forçada durante décadas dos indígenas realizada pelo próprio Estado, especialmente durante a ditadura militar (1964-1985). As lideranças indígenas que ousam romper o silêncio são ameaçadas de morte e são alvo de ataques paramilitares como, por exemplo, aquele desferido contra a comunidade de Guaiviry, no município de Aral Moreira, responsável pela morte e desaparecimento do cacique Nisio Gomes.

Em resposta, a Assembleia Legislativa do estado instalou uma Comissão de Investigação (CPI) que acusa as próprias lideranças indígenas e seus apoiadores pela violência crescente, mostrando a opção preferencial do Estado brasileiro na defesa do agronegócio e a produção de commodities agrícolas para o mercado internacional em detrimento dos direitos sociais.

De acordo com informações do governo (RENAI, 2015), o estado abate todo ano 4,6 milhões de bovinos, 12 mil cabeças por dia. Instalou, nos últimos anos, 28 novas usinas para produção de etanol e biodisesel a partir da cana-de-açúcar, ampliando as 14 já existentes. A produção de soja é de 5 milhões de toneladas/ano, gerando um enorme mercado para os insumos agrícolas de empresas multinacionais. O incremento dos investimentos por empresas e bancos está na origem do aumento da violência contra as populações originárias, especialmente na redução dos territórios tradicionais e exploração do trabalho indígena no corte da cana.

A omissão do Estado brasileiro em cumprir os direitos indígenas estabelecidos na Constituição Federal em 1988, que previu a homologação e a demarcação das terras indígenas, e o atraso na identificação destas terras permite que a violência se perpetue e se converta em genocídio.


Neimar Machado de Sousa, Karai Guaiguingue 
Membro da Comissão Regional Justiça e Paz e professor na Faculdade Intercultural Indígena - FAIND/UFGD, em Dourados, Mato Grosso do Sul

quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Falar apagar a velinha querendo dizer "apagar a velhinha"? A piada sem graça do supermarket e o dia do idoso.

O comediante famoso fala que é hora de apagar a velinha querendo dizer "apagar a velhinha", que está ao lado dele sorrindo e é a garota propaganda do mercado aniversariante. Fala sério, tem graça? Não, tem graça não, meu bem. E não é só por causa da velhinha, é porque a empresa Supermarket está estabelecida no Rio de Janeiro, onde "apagar" alguém não é brincadeira, é fato.
reprodução de imagem do comercial 
Talvez o dono e os tomadores de decisão do Supermarket não tenham mãe nem avó, assim como os profissionais da agência que "criou" esse comercial, ou não gostem delas, enfim... O que deviam saber, e bem, é que não precisa vender preconceito ou apologia à violência travestidos de piadinha pra divulgar seus produtos. Que indelicadeza, que falta de sensibilidade, e com veiculação até no Dia Nacional do Idoso [1/10].



Dê o futuro de presente pro seu filho no dia das crianças

Aproveite o Dia das Crianças para mostrar a seus filhos como você cuida do futuro da sua família. Dar e receber presentes é bom, mas, a vida é mais que isso, né? E tudo que fazemos hoje tem efeitos amanhã. Por isso, não canso de repetir que sustentabilidade está em nós, nas nossas escolhas cotidianas.
Faça sua escolha hoje:
. Reaproveita a embalagem de papelão { Com desenhos, recortes e um pouco de cola vocês transformam uma caixinha em um organizador com  memória afetiva de terem feito juntos
. Não mistura embalagens com o lixo úmido { As embalagens de plástico, laminadas, de isopor e papel podem ser recicladas, coloque todas num plástico transparente para jogar fora
. Entrega o presente de um jeito diferente { Explica que presente é legal, mas, que nada vale mais que expressar amor com um forte abraço, um bilhetinho cheio de afeto, um café na cama ou um singelo Amo muito você!
E faça um Feliz Dia das Crianças Sustentável!


quarta-feira, 30 de setembro de 2015

A escova de dentes mais barata do mercado

Trocar a escova de dente pode ser mais barato do que você já se acostumou a gastar. Foi por acaso que encontramos a Jonhson’s Eco, cujo cabo é feito de plásticos não utilizados e que seriam desperdiçados. Custa 1,99 e o preço não aumentou nos últimos meses, apesar da crise.

Evitar desperdícios, reciclar e reutilizar plásticos é uma fórmula mágica. E nós fazemos essa mágica no cotidiano, com nossas escolhas. Quando você escolhe comprar uma escova de dentes feita de material reciclado e com preço mais baixo, está dizendo ao mercado que prefere menos prejuízo pro meio ambiente e pro seu bolso.
A escova é ótima. Mas, o pessoal da Jonhson’s não é tão bom assim em português. No verso da embalagem tá lá meio ambiente escrito com hífen. Tem hífen não, pessoal…


Enxugando gelo até que a água acabe

Disse dona dilma na ONU que a meta do Brasil é reduzir em 43% as emissões de gases de efeito estufa [GEE] até 2030. Com meta ou sem meta, o que importa é haver condições para reduzir, e isso não existe por aqui.
O governo brasileiro é avesso à sustentabilidade, tanto que apostou no consumismo travestido de redução da pobreza para "vencer" a crise mundial [poder aquisitivo sem poder de escolha], que investiu em termelétricas ignorando o potencial fantástico que temos para energia solar, eólica e do lixo, que tem promovido um retrocesso em relação à legislação ambiental, tratorando licenciamentos, sem dialogar e sem viabilizar a participação popular característica da Política Nacional de Meio Ambiente.
É do setor agropecuário que sai boa parte da emissões de GEE do Brasil. Com dona katia abreu sentada no ministério da agricultura, e sua visão agrotoxicada e desmatadora, quais condições estão sendo criadas para se alcançar alguma meta?
Aliás, como negociar cargos pode dar ao nosso país condição tecnicamente decente para cumprirmos qualquer meta que seja? Nem adianta consultar o caderno de dúvidas...

Enquanto estiverem aboletados no poder as ôtoridades de sempre, preocupadíssimas com seus votinhos, carguinhos, esquemões e mordomias, tomando decisões em nosso nome e em defesa dos interesses econômicos desse modelo fracassado, insustentável e em crise, vamos continuar enxugando gelo até que água acabe. Tictactictactictactictac...

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Tome um chá, conforte seu corpo, cuide de ser feliz...

Segunda é o dia de fazer campanha pra você não comer carne. Só que a receita da chef Claudia Girelli para hoje não é de comer, é de inspirar. Com amor, do blog Sal & Ervas, tome um chá, conforte seu corpo, cuide de ser feliz...
Coloque uma água numa panela e observe. Quando ela estiver a formar umas bolhinhas, verta para uma xícara sobre uma casca de limão finamente retirado (sem a parte branca) e uma estrela de anis. Deixe descasar por cinco minutos.
http://bit.ly/CGChádelimãoeanis 

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

A farra dos agrotóxicos e a crise no Brasil. Por que tanta isenção de impostos?

A isenção completa de IPI [Imposto sobre Produtos Industrializados] para agrotóxicos está em vigor desde 2006. As isenções de PIS/Pasep [Programa de Integração Social/Programa de Formação do Patrimônio do Servidor] e de Cofins [Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social] para inseticidas, fungicidas e herbicidas estão em vigor desde 2005. Não é à toa que o Brasil se consolida na posição de campeão mundial em consumo de agrotóxicos, mantendo esse título vergonhoso há 7 anos seguidos. Pode acreditar que isso é muito, mas muito mesmo, pior que tomar de 7 a 1. A goelada que tomamos dos agrotóxicos todos os dias é que faz enorme diferença na sua vida.

É uma farra boa para quem fatura sem escrúpulos. É o exemplo claro de como as ôtoridades não nos representam nem defendem nossos interesses, ignorando solenemente os estudos técnicos e tomando decisões em nosso nome que beneficiam quem nos prejudica. Porque são graves os efeitos na saúde de quem lida com todo esse veneno e de quem paga para consumir alimentos envenenados, como você ou eu.

Agrotóxicos contaminam pessoas, alimentos, solos, água. Mais de 34 mil casos de intoxicação por agrotóxicos foram registrados em nosso país entre 2007 e 2014, causando problemas de saúde como mal formação de feto, câncer, disfunção fisiológica, doenças cardíacas, de acordo com Associação Brasileira de Agroecologia [ABA]. E a farra dos agrotóxicos no Brasil vitima principalmente crianças. 2.150 intoxicações por agrotóxicos em crianças de 0 a 14 anos foram notificadas de 2007 a 2014. Mas, o número de crianças intoxicadas por agrotóxicos pode ser 50 vezes maior pois a maioria dos casos sequer é notificada.

Já estão banidos em outros países 22 dos 50 princípios ativos mais usados em agrotóxicos aqui. Nós não temos nem o direito de saber que os alimentos que pagamos para comer estão envenenados. Pois bem, as vendas de agrotóxicos no país renderam cerca de R$ 14 bilhões em 2011 para 130 empresas produtoras de defensivos agrícolas.  O aumento em toneladas de agrotóxicos comprados foi de 162,32% de 2000 a 2012, segundo dados da Associação Brasileira de Saúde Coletiva [Abrasco] no dossiê Um Alerta sobre os Impactos dos Agrotóxicos na Saúde.

A isenção de impostos para agrotóxicos é absurda quando se pensa em saúde coletiva e segurança alimentar. Beneficia o comércio e estimula o uso de agrotóxicos, garante lucros bilionários para a indústria agroquímica, atende aos interesses de latifundiários e produtores rurais que nos vendem "alimentos" com venenos e degradam o ambiente em que vivemos, ameaça a saúde de trabalhadores rurais e da sociedade brasileira. Por que manter tantas isenções na crise que requer "remédios amargos"?

Pagar para comer frutas, verduras e legumes encharcados de agrotóxicos já é não é amargo o suficiente? Não, porque um pequeno segmento se beneficia às custas da nossa saúde e fatura sem pagar imposto.



Acesse a versão atualizada do Dossiê Abrasco Impacto dos Agrotóxicos na Saúde.
Saiba mais em Eco Lógico Sustentabilidade http://on.fb.me/1Mcnexa



quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Lula, o erro alheio e o seu almoço

Lula discursou para trabalhadoras rurais e falou de erros da colega presidente. Que cara de pau! Lula deu isenção completa de IPI [Imposto sobre Produtos Industrializados] para agrotóxicos em 2006 e isenção de PIS/Pasep [Programa de Integração Social/Programa de Formação do Patrimônio do Servidor] e de Cofins [Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social] para inseticidas, fungicidas e herbicidas em 2005. O governo Lula fez do Brasil recordista mundial em consumo de agrotóxicos, um recorde horroroso que mantemos desde 2008.

Estão banidos em outros países 22 dos 50 princípios ativos mais usados em agrotóxicos aqui. As vendas de agrotóxicos no país renderam cerca de R$ 14 bilhões em 2011 para 130 empresas produtoras de defensivos agrícolas.  O aumento em toneladas de agrotóxicos comprados foi 162,32% de 2000 a 2012, segundo dados da Associação Brasileira de Saúde Coletiva [Abrasco] no dossiê Um Alerta sobre os Impactos dos Agrotóxicos na Saúde.

Agrotóxicos contaminam pessoas, alimentos, solos, água. Mais de 34 mil casos de intoxicação por agrotóxicos foram registrados em nosso país entre 2007 e 2014, causando problemas de saúde como mal formação de feto, câncer, disfunção fisiológica, doenças cardíacas, de acordo com Associação Brasileira de Agroecologia [ABA].

Beneficiar o comércio de agrotóxicos, garantir lucros bilionários para a indústria agroquímica, atender aos interesses de latifundiários e produtores rurais tacanhos e inescrupulosos que nos vendem "alimentos" com venenos, prejudicar trabalhadores rurais e a sociedade brasileira, quem vai consertar esse erro?

Nós. Nós consertamos esse grave erro com o nosso poder de escolha na hora de comprar. Prefira orgânicos.

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

O bife nosso de cada dia

Um novo suplemento alimentar para vacas leiteiras diminuiu em 30% as emissões de gás metano destes animais, prometendo se converter em uma arma valiosa na luta contra as mudanças climáticas.

A redução deste gás pode ser um grande passo na luta contra as mudanças climáticas, segundo os autores do estudo da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) publicado nesta quinta-feira pela Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos.

“Se for aprovado pela Administração de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos (FDA) e adotado pela indústria de agropecuária, este inibidor de metano pode ter um impacto significativo nas emissões de gases de efeito estufa do setor de gado”, disse Alexander Hristov, professor de nutrição da universidade Penn State e principal autor do estudo.

Quem acompanha as discussões sobre mudanças climáticas já reparou que é impossível dissociar nossa dieta dos impactos ambientais que assolam o planeta. O bife nosso de cada dia inflige ao planeta um custo ambiental que se apresenta na forma de desmatamento, perda de biodiversidade, alto consumo de água (pra cada 1kg de carne bovina é necessário mais de 17 mil litros de água) e aumento das emissões de gases de efeito estufa que aquecem o planeta, como é o caso da emissão de metano pelo sistema digestivo dos ruminantes.

A criação de gado representa 44% das emissões de metano no planeta derivadas da atividade humana. Cada cabeça de gado libera 60 kg de metano na atmosfera. Mundialmente, 1,3 bilhões de cabeças de gado colocam no ar 60 milhões t/ano de metano, cerca de 12% do metano liberado na atmosfera.

Apesar de as mudanças climáticas se apresentarem como o maior desafio atual da humanidade, seguimos bovinamente com nossos hábitos alimentares e consumistas em direção ao precipício. O cérebro humano nos dá a habilidade de raciocinar e pensar, mas é mais fácil combater o aquecimento global com a introdução de suplemento alimentar na dieta das vacas do que esperar que o Homo Sapiens corrija os seus erros de percurso no planeta. Afinal a emissão de metano é apenas um dos inúmeros impactos causados pelos rebanhos mundo afora. Para os demais ainda não há remédio se a humanidade não mudar a sua mentalidade.

Suplemento alimentar para vacas é arma contra mudanças climáticas, acesse o artigo original publicado no blog Pimenta no Meio { http://bit.ly/1Nf1LAr

Seu filho adora biscoito maizena, você nem sabe que tem transgênico nele. Clica aqui por favor!

Na noite de 28 de abril de 2015 a maioria dos deputados federais aprovou o projeto que tira das embalagens o T que identifica a presença de transgênicos em alimentos. Talvez as excelentíssimas ôtoridades sem autoridade técnica alguma, e sem a menor empatia por nós, achem que jamais vão comer um bife de gado alimentado com ração de transgênicos. Capaz que, do alto de suas ignorâncias, acreditem que seus netos nunca vão comer biscoitos tipo maizena feito com milho transgênico. 

O problema é que a decisão deles, tomada em nosso nome, afeta o nosso direito de saber o que estamos consumindo e o nosso poder escolher um alimento que seguramente não faz mal para nossa saúde. E mais, é um atraso para o Brasil que "nossos representantes" políticos sejam incapazes de considerar que regulamentos técnicos, como a Lei de Biossegurança, sirvam tanto para proteger a sociedade brasileira dos abusos dos interesses econômicos quanto para conferir a nosso país condutas civilizadas. 

Tirar o T da embalagens é exatamente defender um abuso dos interesses econômicos que nos prejudica e que faz o nosso país retroceder. A informação da presença de transgênicos em alimentos é tão importante que sua apresentação nas embalagens é padronizada internacionalmente, com o T em preto dentro do triângulo amarelo. Por que no Brasil não precisamos saber que tem transgênico nos alimentos que pagamos para comer?

O projeto que tira o T padronizado das embalagens de alimentos, já aprovado na câmara, está no senado [recebido em 18/06 na Comissão de Ciência e Tecnologia]. Vamos pressionar para os senadores não aprovarem! É nosso direito saber em quais alimentos tem transgênicos e poder escolher o que é seguro comer. Assine a petição aos senadores em Avaaz { http://bit.ly/1SWONJf

Você também pode dar a sua opinião aos senadores diretamente no sistema de consulta pela internet. Diga que você é contra o projeto aprovado na câmara que tira o T das embalagens e faça a sua opinião contar para pressionar o senado. Clica no link, opina e confirma sua opinião no e-mail que vai ser enviado para você { http://bit.ly/ContraOpine

Não deixe de opinar, por favor. Tem ingrediente transgênico até num biscoito de maizena que as crianças adoram e comem na maior inocência. As crianças podem não entender, mas, você é capaz de compreender que os "nossos representantes" políticos não podem roubar de nós o direito de saber  e de poder escolher. Bota pressão nos senadores para não aprovarem tirar o T padronizado das embalagens de alimentos. Passa a adiante, compartilha com familiares, amigos, vizinhos e colegas de trabalho!


Ah, aproveitamos para lembrar as ôtoridades de um detalhe: o Brasil é um destino turístico famoso, o turismo é uma atividade econômica forte aqui, ano que vem tem Jogos Olímpicos, a gringa vai baixar em peso na terrinha maravilhosa. Será que os turistas estrangeiros vão gostar de comer com transgênicos sem sequer saber? Se já não é justo conosco, imagina com eles que são visita. Vamos servir transgênicos escondidos aos visitantes , que vexame. Já que não se importam se nós vamos comer com transgênicos sem sequer saber, quem sabe se importem com os turistas, né? 



sábado, 8 de agosto de 2015

Feliz dia sustentável dos Pais!

Faça um feliz dia sustentável dos pais! Seja o paizão herói e mostre pros seus filhos como você cuida do futuro da sua família:

Reaproveite a embalagem de papelão, as fitas, o papel de presente { Com desenhos, recortes e um pouco de cola vocês transformam uma caixa em um organizador com a memória do dia dos pais

Não misture embalagens com o lixo úmido { Chame seus filhos para vocês juntarem todas as embalagens de plástico, laminados, isopor e papelão e conte que tudo isso pode ser reciclado, virar outras coisas, por isso deve ser descartado separado dos restos de comida

Retribua o presente de um jeito diferente { Explique que presente é legal, mas, que nada vale mais que expressar amor com um forte abraço, um bilhete afetuoso, um café na cama ou um singelo Amo muito você!


quarta-feira, 5 de agosto de 2015

As crianças, as placas e o tal do legado na cidade olímpica

A 1 ano dos Jogos Olímpicos crianças e jovens passam o dia à toa na área do Metrô do Estácio em frente da Empresa Olímpica, a cidade do Rio continua a ignorar que estão fora da escola e sob o risco grave de aliciamentos.
 Ah, isso não tem nada a ver. Tem sim! Uma placa que custa quase 30 mil reais e tomba na primeira batida não é mais importante que a vida e os direitos de crianças e adolescentes, mas, as placas são "legado" de modernidade e estão sendo instaladas.

É mais barato ligar para o Conselho Tutelar e informar que crianças e jovens estão de bobeira, mas, quem liga? Nem mesmo os profissionais que passam todos os dias pela área do Metrô, e são abordados pelas crianças que pedem dinheiro, são capazes de enxergar que tem uma ação de integração da Empresa Olímpica com seu entorno gritando bem ali na frente.

Para o prefeito Eduardo Paes, a Olimpíada serviu para tornar a cidade mais integrada e mais justa. Beleza, mas, legado não é só obra. Nem basta fazer um comercial tipo descoladinho, com lindas imagens e um narrador dizendo que "Ninguém sai do lugar fazendo sempre as mesmas coisas, do mesmo jeito", para as coisas serem feitas de outros jeitos.
Mudar o olhar, enxergar os outros e seus direitos negados, facilitar ações e prevenções, isso também seria legado.

 A placa do "legado" depois de uma batida. E o que sobrou na calçada...


segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Veja o Palhaço Tampinha espalhando risadas e amor [ele só tem 8 anos!!!]

O palhaço Tampinha tem apenas 8 anos e já adora espalhar risadas e amor! Olha ele no abrigo D. Pedro II, em Salvador, você vai se encantar. A TVE da Bahia mostra pra gente, acesse {Palhaço Tampinha Asilo Salvador 2015
Creative Commons - CC BY 3.0 - BA - Palhaço Tampinha visita abrigo

terça-feira, 21 de julho de 2015

Brazilian mayors lying to Pope

It's surreal the letter that brazilian mayors handed Pope Francisco. They wrote that "the 5,570 brazilian mayors are undertaking efforts to ensure that the excluded population can overcome the situation of vulnerability, such as strategic public policies for social inclusion covering education, health, housing, sanitation, public transport, income generation, employment, entrepreneurship and cooperatives. " Say what?

Most majors in Brazil did not implement the National Solid Waste Policy, didn't deliver Education Plan, has no “Agenda Local 21”. These three examples are enough to show that it's not exactly as it was written.

In São Paulo, water sources are grounded to building’s construction, the mayor gave up the vehicle inspection, authorized housing construction in watershed areas , allowed the removal of trees. In Rio de Janeiro , trees are cut up because they hinder the resident’s view, the mayor changed an environmental protection area for a golf course, cut more than 200 trees in Flamengo Park , a Conservation Unit, with no society participation .

Brazil is experiencing a water collapse. Tell me, in wich brazilian city we do not use rivers, lakes and beaches as a sewage dump? Since our authorities are compulsive liars to brazilian citizens they do not care if it was a sin to write some little lies to the Pope. What a shame...

See these trees, were dying and already cut up, and so near Rio's City Hall.

Photo { Trees dying, 2015 Summer, Rio de Janeiro, by Beatriz Carvalho Diniz
[Creative Commons Attribution-Noncommercial 3.0 Brazil-Make good use without commercial purposes]

Photo { The same trees above cut up, Rio de Janeiro, April, 2015, by Beatriz Carvalho Diniz
[Creative Commons Attribution-Noncommercial 3.0 Brazil-Make good use without commercial purposes]
Read more in portuguese { http://bit.ly/1VqUmno


Beatriz Carvalho Diniz e Marcia Pimenta [do Pimenta no Meio]
Jornalistas especializadas em Gestão Ambiental
Produtoras de conteúdo estratégico sobre sustentabilidade

Prefeitos brasileiros mentem em cartinha entregue ao Papa

É surreal o trecho da cartinha dos prefeitos brasileiros ao Papa Francisco em que se afirma que "os 5.570 prefeitos brasileiros estão empreendendo esforços para que os excluídos possam superar a situação de vulnerabilidade. São políticas públicas estratégicas de inclusão social abrangendo educação, saúde, habitação, saneamento, transporte público, geração de renda, emprego, empreendedorismo e cooperativismo."

Oi? A maioria dos prefeitos não cumpre ainda a Política Nacional de Resíduos Sólidos, não entregou Plano Municipal de Educação no prazo, não tem Agenda 21 Local. Só esses três exemplos já demonstram que não é bem assim como foi escrito.

Em São Paulo, nascentes são aterradas para construção de prédios, o prefeito acabou com a inspeção veicular, autorizou construção de moradias em áreas de mananciais, permitiu a retirada de árvores centenárias. No Rio de Janeiro, árvores são cortadas até porque atrapalham a vista de moradores, o prefeito trocou uma área de proteção ambiental por um campo de golfe, cortou mais de 200 árvores no Parque do Flamengo, uma Unidade de Conservação, e sem consultar a sociedade.

Árvores secas, Verão 2015, Rio de Janeiro, de Beatriz Carvalho Diniz
[Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial 3.0 Brasil - Faça bom uso sem fins comerciais]  

Ás árvores de cima já cortadas, prefeitura do Rio ao fundo, Abril, 2015, de Beatriz Carvalho Diniz
[Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial 3.0 Brasil - Faça bom uso sem fins comerciais] 
Não pode sequer chover nas cidades brasileiras que as ruas ficam alagadas, pois os prefeitos são incapazes de manter limpos os bueiros, de equipar as cidades com lixeiras suficientes para a demanda e de educar os moradores para o correto descarte dos lixos.

A maioria das cidades brasileiras não tem coleta seletiva de lixo. Lixões estão abertos em todas as regiões do Brasil. No lugar do planejamento urbano, ocupação irregular em áreas de risco para construção de moradias, comércios e indústrias, com desmatamento de morros e margens de rios.

imobilidade urbana nas grandes cidades brasileiras é uma realidade que sacrifica e estressa os trabalhadores. Além do tempo perdido em deslocamentos, em média mais de 1 hora, os brasileiros pagam para transitar, apertados, em ônibus, barcas e trens sucateados.

Os serviços públicos básicos, como educação e saúde, são reclamação constante dos brasileiros. As denúncias de corrupção nas administrações públicas municipais tomam conta dos noticiários, de obras, compra de remédios, merenda escolar a verbas emergenciais para tragédias.

Brasil vive um colapso hídrico, em qual município brasileiro não despejamos esgotos em rios, lagoas e praias? Mas, como já mentem compulsivamente para nos, as ôtoridades municipais não estão nem aí se seria pecado escrever umas mentirinhas para o Papa. Que feio...

Veja o trecho da carta dos prefeitos brasileiros ao Papa Francisco, dá para acreditar?
"Para enfrentar esse injusto cenário de desigualdades os 5.570 prefeitos brasileiros estão empreendendo esforços para que os excluídos possam superar a situação de vulnerabilidade. São políticas públicas estratégicas de inclusão social abrangendo educação, saúde, habitação, saneamento, transporte público, geração de renda, emprego, empreendedorismo e cooperativismo."


Beatriz Carvalho Diniz e Marcia Pimenta [do Pimenta no Meio]
Jornalistas especializadas em Gestão Ambiental
Produtoras de conteúdo estratégico sobre sustentabilidade

Como você pode ajudar a proteger as nascentes de água no Brasil

Sabia que nascentes de água já não servem mais à população em vários municípios brasileiros? Mesmo que a gente não veja ou não saiba, nascentes são drenadas e aterradas para construção de ruas, casas, bairros, comércios, indústrias. O problema é que a gente precisa da água pra viver, não cuida, e só dá falta quando não cai na torneira. Por isso, pedimos que você assine a petição pela criação do Plano Nacional para a Proteção de Nascentes.

Assinar a petição é uma maneira de você agir, ajudando quem toma decisões em nosso nome a dar atenção ao que realmente interessa a todos. Adivinha...a vida, né? O Brasil tem mó abundância de recursos naturais, por isso mesmo não é pra esbanjar, tem que planejar e fazer gestão eficiente. A gente pode, e deve, aprender a "usar" com mais cuidado tudo que nos provê a vida, protegendo para não faltar muito menos acabar.

Outra forma de você agir é formando opinião e entrando nessa aliança pela água. Compartilhe com amigos, familiares, vizinhos e colegas de trabalho o seu pedido para que assinem a petição e saibam mais sobre a importância da gente se mobilizar para proteger as nascentes de água aqui, aí, lá, acolá...

Agora, além de assinar e compartilhar a petição, você bem que pode dar uma olhada melhor no lugar em que você mora. Tem rio perto da sua casa, pra onde vão os esgotos na sua cidade, reparou desperdício de água no seu trabalho, já viu alguma nascente de água doce?

Segue o link para você se aliar pela água e se engajar pela vida { http://bit.ly/petiçãonascenteswwfbrasil

Ó, a petição está aberta até agosto, assina agora logo!
Agosto é o mês do Dia de Sobrecarga da Terra [Overshoot Day], uma data pra lá de simbólica: é quando a Terra entra no vermelho, porque já consumimos mais recursos naturais do que o planeta dispõe. O cálculo é feito todo ano pela Global Footprint Network [organização internacional pela sustentabilidade, parceira global da Rede WWF] e mostra que a gente está consumindo cada vez mais cedo o estoque anual de recursos que o planeta pode nos dar. Em 2000 foi em 1/10. Em 2014 foi em 19/08.
Tictactictactictatictactictac...