quarta-feira, 10 de junho de 2015

Dê play antes de ler e entre no clima

"As mudanças climáticas estão causando um impacto real na vida de indivíduos e comunidades no mundo todo. Nós temos que fazer algo sobre isso." Com essa frase, Kofi Annan abriu seu discurso de mobilização da sociedade para pressionar os líderes mundiais a fecharem um acordo robusto pelo clima em mais uma conferência, a COP 15. Foi em 2009, o tempo de tomar a decisão já tinha chegado. As cidades já estavam assando, o gelo já estava derretendo, já era urgente agir. Mas, os líderes mundiais desperdiçaram a oportunidade. Era ainda viável e menos difícil que agora.

Não faltou conferência, faltou ousadia. Não faltou alerta, faltou a tomada da decisão. Não faltaram estudos, faltou ação. E o tempo passou. Depois da COP 20 em Lima [Peru], vamos para 2015 com a obrigação de somar grandes esforços para reduzir as emissões dos gases do efeito estufa e tentar que o aumento da temperatura no planeta não seja maior que 2 graus Celsius.

A COP 21 merece uma mobilização sem igual das sociedades. Que sejam acordados entre as nações esforços e cooperações, porque temos pouco tempo. Precisamos agir, e é já.

Pioramos nossa situação nos últimos anos, destruindo numa velocidade e numa violência monstras o mundo em que vivemos. Batemos recordes seguidos de altas temperaturas, cada ano mais quente que o anterior. Claro, continuamos despejando na atmosfera CO2, metano, e muitos outros gases, acumulando emissões, como se não respirássemos essa poluição toda, como se não nos fizesse mal algum nem matasse. Como se não estivéssemos aquecendo demais o planeta, como se já não fosse extremamente grave.

Pois é. E tudo na farsa de um bem estar, na realidade para poucos, baseado no consumo e no descarte compulsivos de coisas que não nos beijam, não nos transmitem amor, não são sequer necessárias, e que são feitas com recursos naturais que acabam. Ignoramos o meio ambiente. Estamos esgotando os recursos da natureza, que são provedores de toda a vida, para produzir mais e mais coisas desse jeito estúpido, desmatando, contaminando águas, solos, ar, alimentos, nos poluindo, gerando lixo em demasia, extinguindo de animais a plantas e também as condições favoráveis de existirmos. Somando tudo, inclusive a desigualdade social que mantém lugares e serventias de pobres e ricos, detonamos nossa saúde, viralizamos doenças no corpo, no coração e na mente.

Somos a sociedade de consumo que precisa deixar de ser isso [global e localmente], destruidora, degradante, desperdiçadora, fútil, hostil à natureza. Insistimos em colocar a economia à frente da pessoas e do meio ambiente, a qualquer custo, sem limites, forjamos uma normalidade insana [a propaganda de um mercado insustentável embutida na publicidade de produtos e serviços e de serviços jornalísticos] de alienação, distanciamento da natureza e substituição de afetos por coisas. E isso deu tão ruim que aceleramos alterações na natureza que normalmente ocorreriam somente daqui a milhões de anos. É a nova era que inventamos, de uma interferência matadora, o Antropoceno.

A  mudança é o nosso destino, mudar práticas, mudar hábitos, mudar importâncias e prioridades da humanidade, mudar o rumo da civilização. Perceber a vida, enxergar os outros, dar valor ao que importa, seguir no sentido da sustentabilidade.  Tictactictatictactictactictac...

Não nos falta poder, precisamos de escolha. E vamos precisar de todo mundo, se queremos o futuro. Ou preferimos "quebrar tudo" por aqui para produzir, vender, comprar, ostentar e jogar fora coisas que não valem mais que a vida?

Os líderes mundiais têm falhado em nosso nome. Estamos todos no atraso. O aquecimento está ligado. Não tem mais volta. Nós temos que agir. Faça a sua aliança com o clima, por você, pela sua família, faça no presente para o futuro.

Por isso que recomendamos que você desse play antes de começar a ler. Beds Are Burning é a canção do Midnight Oil que foi adaptada para a campanha TicTacTicTac lá em 2009 e cantada por mais de 60 artistas em defesa da justiça climática. A mensagem está mais atual que antes, as cidades continuam assando.
Imagem capturada do vídeo de Beds Are Burning


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